Mobilidade elétrica não é vilã: o perigo está na instalação mal feita

Nos últimos anos, a mobilidade elétrica deixou de ser uma promessa distante para se tornar uma realidade presente nas ruas, garagens e empresas. Porém, com o avanço dos veículos elétricos, surgem também debates — e, por vezes, embates — sobre segurança e regulamentação.

Recentemente, uma nota emitida pelo CREA-SE apontou que edificações verticais com garagens subterrâneas ou sob pilotis não estão estruturadas para resistir ao incêndio potencial causado por baterias de íons de lítio, recomendando que a recarga seja feita apenas em áreas abertas, com distanciamento mínimo de três metros entre veículos ou com barreiras de contenção.

A justificativa se baseia no fato de que incêndios envolvendo baterias de íons de lítio podem atingir temperaturas elevadas, emitir gases tóxicos e demandar técnicas específicas de combate. Contudo, essa orientação levanta uma série de questões técnicas, regulatórias e econômicas — e pode até mesmo gerar interpretações equivocadas e restritivas que travam o avanço da mobilidade elétrica.

1) O Papel do Corpo de Bombeiros: Prevenção ou Restrição?
O Corpo de Bombeiros, em diferentes estados, já iniciou discussões sobre protocolos para combate a incêndios envolvendo veículos elétricos. Em alguns casos, circulam recomendações para não instalar pontos de recarga em locais fechados sem adaptações estruturais e sistemas de detecção e combate a incêndio específicos.

Em países como Noruega, Alemanha e Estados Unidos, a instalação de carregadores para veículos elétricos em garagens subterrâneas é autorizada, desde que sejam atendidos requisitos técnicos e de segurança. No Brasil, conforme a ABVE – Associação Brasileira dos Veículos Elétricos, quando as estações de recarga são devidamente projetadas e instaladas, não há qualquer impacto no Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Para isso, é essencial seguir normas como a NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão), a NBR 17019 (infraestrutura para recarga de veículos elétricos) e a ABNT NBR IEC 61851-1 (estações de recarga condutoras).

A questão que fica: o papel das autoridades é proibir ou exigir adequação? Afinal, o mesmo raciocínio poderia ser aplicado a botijões de gás, tanques de combustível e até fiação elétrica antiga — todos igualmente perigosos sem manutenção adequada.

2) A Polêmica CREA x Mobilidade Elétrica

O posicionamento do CREA-SE gerou polêmica no setor elétrico e automotivo, pois não diferenciou instalações improvisadas de projetos executados por profissionais qualificados. Para muitos especialistas, o risco não está no veículo elétrico em si, mas na ausência de projetos elétricos certificados, análise de carga e cumprimento das normas técnicas.

Ao generalizar, a recomendação do CREA pode gerar medo e resistência em síndicos, administradoras e construtoras, atrasando a adequação das garagens para receber essa nova demanda.

3) O Fator Seguro: Impacto nas Apólices
Companhias de seguro já estão se posicionando sobre o tema. Há relatos de seguros residenciais e de condomínio recusando coberturas ou aumentando prêmios quando há carregamento de veículos elétricos sem comprovação de projeto técnico e ART.

O risco de incêndio é real — mas é o mesmo para qualquer sistema elétrico mal instalado. A diferença é que, no caso da mobilidade elétrica, há visibilidade e novidade, o que acende o sinal de alerta das seguradoras.

4) O que Realmente é Necessário para Garantir Segurança
Mais do que proibir, o caminho para garantir segurança na recarga de veículos elétricos é exigir conformidade técnica e responsabilidade profissional. Isso significa que cada instalação deve ser precedida por um projeto elétrico específico, elaborado de acordo com as normas brasileiras aplicáveis — como NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão), NBR 17019 (infraestrutura de recarga de veículos elétricos) e NR10 (segurança em instalações e serviços com eletricidade).

Além do projeto, é fundamental que haja ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) assinada por um profissional habilitado, garantindo que todo o dimensionamento, proteções elétricas, dispositivos de segurança e procedimentos de instalação sigam padrões reconhecidos. Essa abordagem não apenas reduz riscos de sobrecarga, curto-circuito ou incêndio, mas também assegura respaldo legal e técnico para síndicos, administradoras e usuários, protegendo pessoas, patrimônio e investimentos.

Proibir pode parecer uma solução rápida, mas apenas o cumprimento técnico e a aplicação rigorosa das normas garantirão segurança sem frear a inovação. A evolução é inevitável. A segurança é obrigatória. O medo é opcional.

Na G2 Energia, unimos engenharia elétrica de alto nível, responsabilidade técnica e cumprimento integral das normas para que a mobilidade elétrica avance de forma segura e confiável. Atuamos com projetos personalizados, ART, instalação qualificada e soluções completas para condomínios, empresas e indústrias, garantindo que inovação e segurança caminhem juntas.

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